É possível que o amor venha a falecer? Estou especificamente falando daquele tipo de amor que na nossa língua portuguesa chamamos de ‘’amor romântico’’. Enfim, o amor que um dia sentimos por alguém (que nos tirava o fôlego, que nos fazia sonhar, que nos arrepiava) pode deixar de existir?
Por que tantos casamentos de pessoas que declaravam amor eterno se desfazem diariamente? Bem, muitas são as perguntas e nem sempre temos respostas para todas, mas baseados na experiência de escuta e observação que a vida nos proporciona, chegamos à conclusão pessoal de que, sim, o amor pode morrer… Mas nunca de morte natural.
O amor é um sentimento eterno que traz, em sua gênese, o dom da imortalidade a menos que nós mesmos o matemos enterrando- o vivo. É o suicídio do amor.
Começa quando através do trato, das palavras grosseiras, das ofensas diárias, vamos a cada gesto jogando terra sobre ele. É claro que o dia a dia e suas múltiplas dificuldades nos impedem de sermos polidos o tempo inteiro, mas devemos lutar contra isso e estar cientes de que essa atitude, pá a pá, enche de terra o amor que um dia tanto alegrou a nossa vida.
O amor se suicida quando tentamos mudar a pessoa amada e fazê-la à nossa imagem e semelhança. É muito interessante a capacidade que temos de destruir no outro aquilo que nos encantou. Possivelmente pelo medo de que outras pessoas se encantem também. Uma forma de vestir, de falar, de sorrir, de se comunicar… A ousadia de emitir opiniões próprias e bem elaboradas… Tudo isso que nos despertou interesse na pessoa amada pode ser um alvo de destruição porque o nosso narcisismo primário impede a existência de ‘’um outro’’ tão outro num relacionamento tão íntimo.
É claro que todo relacionamento conjugal e familiar cria naturalmente os seus próprios complexos e regras que nos adaptamos no decorrer da relação, mas falamos de mudar a essência da pessoa amada. Isso, sim, é uma grande armadilha para o suicídio do amor.
E assim caminha a humanidade. Entre separações, divórcios e ‘’novas oportunidades’; vamos avançando. Procurando sempre no outro o espelho de nós mesmos. Sepultando o amor que um dia brilhou como o raio da alva; sem saber que o matamos com ações e egoísmo e guardamos ainda em nosso armário interior a pá suja de terra do relacionamento anterior.
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